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terça-feira, março 18, 2025

CPI do 8/1 aprova relatório que aponta Bolsonaro como autor dos ataques golpistas; veja lista

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A CPI do 8 de janeiro aprovou nesta quarta-feira (18) seu relatório final, com o pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 60 pessoas, incluindo cinco ex-ministros.

O relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi aprovado por 20 votos a 11. Não houve abstenções.

“Me acusar de injustiça, não há dúvida nenhuma, é uma acusação leviana. Não há nenhum fato aqui, podem ter certeza, que não será confirmado pela Procuradoria-Geral da República, pela Polícia Federal e pelo Supremo ao longo de todo o processo de investigação”, disse a relatora.

“Esse relatório é a demonstração real da vitória da democracia contra o fascismo, o fundamentalismo e a tentativa de usurpar e retirar direitos que nós levamos anos a fio através de sangue e suor, que é o nosso Estado democrático de Direito.”

A comissão chega ao fim nesta quarta após cinco meses de investigações. Com a aprovação do relatório principal, os dois documentos da oposição –com a sugestão de indiciamento de Lula (PT) e do ministro Flávio Dino (PSB)- não foram colocados em votação.

Eliziane afirmou que o dia 8 de janeiro foi “obra do bolsonarismo” e defendeu que o ex-presidente seja indiciado por quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.

Também aparecem na relação da senadora os ex-ministros bolsonaristas general Walter Braga Netto (que foi candidato a vice de Bolsonaro), general Augusto Heleno, general Luiz Eduardo Ramos, general Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres.

Dos 61 nomes, 22 são militares das Forças Armadas. A CPI sugere o indiciamento do ex-comandante do Exército general Freire Gomes e do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, apontado na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

A relatora também propôs o indiciamento do ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques e de Marília Ferreira, ex-braço direito de Torres. Os dois são investigados sob suspeita de que a PRF tenha sido usada no segundo turno das eleições para tentar atrapalhar a votação de eleitores de Lula.

“A democracia brasileira foi atacada: massas foram manipuladas com discurso de ódio; milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo, desqualificar adversários e promover ataques ao sistema eleitoral; forças de segurança foram cooptadas; tentou-se corromper, obstruir e anular as eleições; um golpe de Estado foi ensaiado; e, por fim, foram estimulados atos e movimentos desesperados de tomada do poder”, escreveu.

Durante a sessão, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que não teve direito de defesa e que o programador Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato, é um “mentiroso contumaz”. Zambelli também reafirmou que ele tinha sido contratado para cuidar de suas redes.

A relatora da CPI sugere o indiciamento da deputada por associação criminosa, abolição do Estado democrático e golpe de Estado. Em agosto, Delgatti disse à CPI que Bolsonaro tentou invadir uma urna eletrônica, com apoio da bolsonarista.

A oposição criticou a decisão da relatora de não propor o indiciamento do general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Lula. A relatora argumentou que GDias, como o general é conhecido, estava há apenas oito dias no cargo.

“Ignorar a verdade, neste caso, não é mentir. É fraudar”, disse o senador Esperidião Amin (PP-SC), da oposição, destacando que GDias recebeu alertas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre o risco de ataques. O episódio foi revelado pela Folha em abril.

A oposição também reclamou da blindagem à Dino. Bolsonaristas argumentam que o ministro poderia ter acionado a Força Nacional. Dino, por outro lado, afirma que colocou os homens à disposição do governo do Distrito Federal, a quem cabe a proteção da Esplanada dos Ministérios.

O relatório final, obrigatório em comissões parlamentares de inquérito, pode apenas sugerir indiciamentos a autoridades responsáveis. A CPI pretende entregar o documento à PGR (Procuradoria-Geral da República), à Polícia Federal e ao STF (Supremo Tribunal Federal) na semana que vem.

Veja a lista de indiciamentos sugeridos e os crimes apontados no relatório:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República (associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Walter Souza Braga Netto – general do Exército, ex-ministro da Defesa, candidato a vice na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022 (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Augusto Heleno – general do Exército, ex-chefe do GSI (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Luiz Eduardo Ramos – general do Exército, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, da Secretaria de Governo e da Casa Civil (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – general do Exército, ex-ministro da Defesa (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Almir Garnier Santos – almirante de esquadra, ex-comandante da Marinha (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Marco Antônio Freire Gomes – general do Exército, ex-comandante-geral do Exército (prevaricação)
  • Mauro Cesar Barbosa Cid – tenente-coronel do Exército, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Luís Marcos dos Reis – sargento do Exército, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros – ex-major do Exército (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Antônio Elcio Franco Filho – coronel do Exército (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Jean Lawand Júnior – coronel do Exército (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça, ex-secretário de Segurança Pública do DF (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Marília Ferreira de Alencar – ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (associação criminosa, prevaricação, peculato, advocacia administrativa, frustração do caráter competitivo da
    licitação, contratação inidônea, violência política)
  • Filipe G. Martins – ex-assessor-especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado e incitação ao crime)
  • Alexandre Carlos de Souza Silva – policial rodoviário federal (corrupção passiva, frustração do caráter competitivo da licitação e contratação inidônea)
  • Marcelo de Ávila – policial rodoviário federal (frustração do caráter competitivo da licitação e
    contratação inidônea)
  • Maurício Junot – sócio de empresas com contratos com a PRF (peculato, corrupção ativa, fraude em licitação ou contrato e contratação inidônea)
  • Carla Zambelli – deputada federal (associação criminosa), abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército, ex-ajudante de ordens da Presidência da República (associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado)
  • Ridauto Lúcio Fernandes – general da reserva do Exército (dano qualificado, associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei)
  • Meyer Nigri – empresário e apontado como difusor de conteúdos no WhatsApp (divulgação de informações inverídicas a respeito de partidos ou candidatos)

Agentes do GSI
Crimes apontados: dano qualificado, associação criminosa, violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial

  • Carlos José Russo Assumpção Penteado – general do Exército
  • Carlos Feitosa Rodrigues – general do Exército
  • Wanderli Baptista da Silva Junior – coronel do Exército
  • André Luiz Furtado Garcia – coronel do Exército
  • Alex Marcos Barbosa Santos – tenente-coronel do Exército
  • José Eduardo Natale de Paula Pereira – major do Exército
  • Laércio da Costa Júnior – sargento do Exército
  • Alexandre Santos de Amorim – coronel do Exército
  • Jader Silva Santos – tenente-coronel da PM, então subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI

Agentes da PM do Distrito Federal
Crimes apontados: destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial e omissão imprópria

  • Fábio Augusto Vieira – coronel
  • Klepter Rosa Gonçalves – coronel
  • Jorge Eduardo Barreto Naime – coronel
  • Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra – coronel
  • Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues – coronel
  • Flávio Silvestre de Alencar – major
  • Rafael Pereira Martins – tenente

Difusores de conteúdo falso nas redes, segundo a relatora
Crime apontado: incitação ao crime.

  • Tércio Arnaud Tomaz – ex-assessor especial no Palácio do Planalto
  • Fernando Nascimento Pessoa
  • José Matheus Sales Gomes – ex-assessor especial no Palácio do Planalto

Apontados como financiadores dos atos

  • Adauto Lúcio de Mesquita – empresário (incitação ao crime)
  • Joveci Xavier de Andrade – empresário (incitação ao crime)
  • Ricardo Pereira Cunha (incitação ao crime e associação criminosa)
  • Mauriro Soares de Jesus (incitação ao crime e associação criminosa)
  • Enric Juvenal da Costa Laureano (incitação ao crime e associação criminosa)

Articuladores do grupo Movimento Brasil Verde e Amarelo, conforme o relatório

Crimes apontados: associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado)

  • Antônio Galvan – sojicultor
  • Jefferson da Rocha – advogado
  • Vitor Geraldo Gaiardo – sojicultor
  • Humberto Falcão – sojicultor
  • Luciano Jayme Guimarães – sojicultor
  • José Alípio Fernandes da Silveira – sojicultor
  • Valdir Edemar Fries – sojicultor
  • Júlio Augusto Gomes Nunes – comerciante
  • Joel Ragagnin – sojicultor
  • Lucas Costa Beber – sojicultor
  • Alan Juliani – sojicultor

Condenados por tentativa de explosão em Brasília

Crimes apontados: associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado)

  • George Washington de Oliveira Sousa
  • Alan Diego dos Santos Rodrigues
  • Wellington Macedo de Souza.

Por Folhapress: Thaísa Oliveira em 18 de outubro, 2023

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