Em depoimento inédito, o operador conta que o ex-presidente deu aval para pagar a chantagista.
O empresário Marcos Valério, responsável por aprimorar um método para desviar recursos públicos a fim de alimentar caixas eleitorais na década de 1990, contou, em um depoimento ao Ministério Público de São Paulo, que Lula é um dos mandantes da morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Celso foi executado a tiros depois de ser sequestrado em 2002. A Polícia Civil sempre tratou o caso como um crime sem motivação política. No entanto, Marcos Valério afirma que a situação é diferente.
O depoimento do empresário, prestado no Departamento de Investigação de Homicídios de Minas Gerais, foi obtido pela revista Veja.
Valério contou que o ex-deputado federal do PT, Professor Luizinho, “lhe confidenciou que Celso Daniel topou pagar com recursos da prefeitura a caravana de Lula pelo país, antes da eleição presidencial de 2002, mas não teria concordado em entregar a administração à aç
ão de quadrilhas e àqueles que visavam ao enriquecimento pessoal”.
Valério disse também que, depois de pagar a chantagem de Ronan Maria Pinto, conversou sobre o assunto com o próprio Lula. O promotor Roberto Wider quis saber de Valério se ele conversou com Lula sobre esse episódio. O empresário disse que sim.
‘Eu virei para o presidente e falei assim: Resolvi, presidente. Ele falou assim: Ótimo,
graças a Deus’.
Mas não foi apenas isso. Valério contou ao promotor que Ronan Maria Pinto, quando exigiu dinheiro para ficar calado, declarou que não ia ‘pagar o pato’ sozinho e que iria citar o presidente Lula como ‘mandante da morte’ do prefeito de Santo André. Nas palavras de Valério, Ronan ia ‘apontá-lo como cabeça da morte de Celso Daniel’”.
Em um trecho da reportagem, a Revista Veja coloca:
“A história começa, segundo ele, em 2003, quando Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, convocou-o para uma reunião no Palácio do Planalto. No encontro, o anfitrião afirmou que o empresário Ronan Maria Pinto, que participava de um esquema de cobrança de propina na prefeitura de Santo André, ameaçava envolver a cúpula do Planalto no caso da morte de Celso Daniel. “Marcos, nós estamos com um problema. O Ronan está nos chantageando, a mim, ao presidente Lula e ao ministro José Dirceu, e preciso que você resolva”, teria dito Carvalho. “Ele precisa de um recurso, e eu quero que você procure o Silvio Pereira (ex-secretário-geral do PT)”, acrescentou. Valério conta que, antes de deixar o Palácio, tentou levantar mais informações sobre a história com o então ministro José Dirceu. “Zé, seguinte: o Gilberto está me pedindo para eu procurar o Silvio Pereira para resolver um problema do Ronan Maria Pinto. Disse que é uma chantagem”, narra Valério no depoimento. A resposta do então chefe da Casa Civil teria sido curta e grossa: “Vá e resolva”.”
A defesa de Lula ainda não se manifestou.
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